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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Acervo Tetê Brandão COMEÇOU ASSIM...


Francisco Ferreira Simões Brandão, nasceu em 3 de junho de 1873, na cidade de Mealhada, Portugal. Filho de Augusto Ferreira Brandão e Maria Augusta da Costa Simões.
Ainda muito jovem viu-se forçado a deixar Portugal frente as suas posições políticas de cunho republicano, foi então que seus pais conseguiram que Francisco viesse para o Brasil.
Chegando ao Brasil, foi para Bragança Paulista e trabalhou na farmácia de Candido Fontoura, inventor do Biotônico Fontoura.
Ficou pouco tempo em Bragança Paulista, mudando-se para Piracaia, onde começou a trabalhar na farmácia Popular, fundada em 1876, de Caetano José de Carvalho.
Francisco já nessa época tinha uma máquina fotográfica, aprendendo a manuseá-la ainda na Europa. Mas foi em Piracaia onde tornou-se um apaixonado por fotografias e tinha como tema: a cidade e sua gente. Foi então que começou este grande acervo.
No próprio prédio da farmácia Popular, havia um laboratório fotográfico, para revelação e execução das fotos.
Francisco casou-se com Maria Eugênia, única filha de Caetano. Conforme pesquisa entre seus netos, a data do casamento foi em 01 de outubro de 1893.
Caetano transfere a farmácia Popular para Francisco e este muda o nome para farmácia Brandão.
Francisco muda a farmácia de prédio para a mesma rua, esquina com a Praça do Rosário, a seguir para a rua Pe. Antonio, voltando novamente para a rua Marechal Deodoro, no antigo prédio da farmácia Popular.
O prédio ao lado da farmácia era a residência de Francisco.
Francisco e Maria Eugênia tiveram 8 filhos: Augusto, Caetano, Francisco, José, Artur, Joaquim, Maria de Lourdes e Maria Antonia.
Sua esposa, Maria Eugênia faleceu com 36 anos.
Não se sabe ao certo a época, mas Francisco conviveu com Gertrudes e tiveram os filhos: José , vindo a falecer ainda jovem, Alziro e Maria Santana.
Em 1910, Francisco fotografou toda a cidade de Piracaia, rua por rua.
Sabe-se que Francisco voltou a Portugal por três vezes. Em sua última viagem à Portugal ficou 10 anos, pois sua mãe estava doente e também pela guerra, impedindo-o de retornar ao Brasil.
Algumas observações quanto as datas:
 Não há documentos comprovando a data exata da chegada de Francisco ao Brasil.
 Documento datado 29 de dezembro de 1896, comprova que Francisco tinha 8 anos de boa prática e foi aprovado para exercer a função de farmacêutico pela Escola Médico-Cirurgica de Lisboa. Tinha na época 37 anos. Entende-se que ele voltou à Portugal para pegar o documento e já era casado.
 Em 06 de fevereiro de 1908 Francisco envia uma carta à Câmara Municipal de Piracaia comunicando o assassinato de D. Carlos I e do príncipe Luis Felipe, entende-se que nessa época estava em Portugal.
 Não há documentos comprovando exatamente as datas das viagens à Portugal.
 Sabe-se que em 15 de junho de 1946, Francisco chega ao Brasil de sua última viagem á Portugal, sendo que nessa viagem levou seu filho Alziro Brandão.
Em 1898, Francisco trouxe para Piracaia as pílulas de Vida do Dr. Rossi.
Francisco foi um excelente farmacêutico e grande fotógrafo. Piracaia deve muito a este Português pelas belas fotos e a valorização que Francisco deu à Piracaia.
Foi um homem de bons relacionamentos, aqui no Brasil e em Portugal. Era amigo de todos.
Faleceu em 02 de junho de 1951, com 78 anos.
Alguns dos filhos de Francisco destacaram-se em Piracaia, um deles foi Caetano de Carvalho Brandão, nascido em 25 de agosto de 1900, mas ficou carinhosamente conhecido como Tetê Brandão.
Tetê ainda menino tomou gosto por fotografias, nota-se nas fotos de seu pai em 1908, lá estava Tetê.
Continuou com o acervo de seu pai, montando um estúdio de fotos em sua residência, onde era a casa de Francisco.
Tetê Brandão casou-se com Maria José Peçanha e tiveram 7 filhos: Maria Eugênia, José Augusto, Valter Augusto, falecido ainda bebê, Otaviano Luiz, Ailton Flavio, Maria de Lourdes e Benedito Francis Vagner.
A farmácia Brandão sempre foi um ponto de referência na cidade, já na época de Francisco: espero perto da farmácia Brandão..., ou espero na farmácia Brandão. As pessoas mesmo não estando doentes, paravam na farmácia para bater papo.
Na história de Tetê aparecem fatos curiosos: chamavam Tetê até para tirar fotos de mortos, a família solicitava para guardar uma última recordação do falecido.
Quase todas as pessoas com idade mais avançadas, tem fotos tiradas por Tetê Brandão, incluindo-me, no ano de 1957 quando tirei minha primeira foto.
Tetê era como o pai, um excelente farmacêutico, muito requisitado e com uma larga experiência em fotografia.
Em 1995, Tetê Brandão doou a UNICAMP uma grande parte de seu acervo e com este gesto recebeu em 02 de outubro do mesmo ano, uma placa de reconhecimento pelas fotos doadas ao Centro de Memórias da Universidade. Sua filha Maria Eugênia foi representá-lo, pois já estava muito doente.
Tetê Brandão faleceu em 22 de maio de 1996, com 96 anos.
Tetê deixou saudades, pois a história de Piracaia parou quando sua lente parou de clicar para a bela Piracaia. O acervo de Francisco e Tetê parou, ninguém se interessou em dar continuidade.
O acervo com algumas fotos originais e cópias enviadas pela UNICAMP, ficou aos cuidados de Ailton Flavio Peçanha Brandão, neto de Francisco e filho de Tetê, o qual guarda com muito carinho, valorizando a história de Piracaia.
Em agosto de 2007, solicitei ao Ailton o acervo emprestado, para catalogar, escanear e conservá-las em DVD, também colocando as fotos em álbum.
Para conseguir catalogar as fotos , identificando as pessoas e lugares, contei com colaboração de Ailton, Mazé, e Antonio Silva Pinto. E para contar um pouco da história de dois grandes homens, contei também com a colaboração de Maria Eugênia, filha de Tetê, além do Ailton.
Foi muito prazeroso catalogar as fotos, ver como era a cidade onde nasci, conversar com as pessoas para colher dados e ficar imaginado...Piracaia sempre foi bonita...
Devemos zelar pelo acervo de Tetê Brandão pois só assim Piracaia terá histórias para contar. Continuar a tirar fotos.Também manter os prédios antigos, valorizando a arquitetura de Piracaia.


Miria Maia

Assessora de Cultura e Turismo - Divisão de Cultura e Turismo

Prefeitura Municipal de Piracaia

Outubro de 2007


2 comentários:

  1. Boa noite!
    Gostaria de contactar a autora deste artigo. Sou português, vivo em Lisboa e sou familiar de Francisco Simões Ferreira Brandão (era primo direito de minha bisavó). Tenho alguns dados sobre ele e sobre a família que poderiam completar este texto. Tenho inclusivamente uma fotografia de Francisco, muito jovem, datada de 1891, que ele ofereceu a seus tios e padrinhos antes de partir para o Brasil.
    Se quiser contactar-me, o meu e-mail é trigueiros@gmail.com
    Também gostaria de contactar com os familiares da família Brandão, de Piracaia.
    Cumprimentos
    António Júlio Limpo Trigueiros
    (Lisboa, Portugal)

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  2. Homenagem ao meu bisavo Francisco e |meu avo Tete,que despojados de quaisquer intenções gravaram e perpetuaram a historia de Piracaia.Parbens.

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